Revelação Geral
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Aula
March 19, 2025
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A Negação da Revelação Geral por Karl BarthM. E.
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Resumo: A Negação da Revelação Geral por Karl Barth
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1. Contexto Histórico e Influências
- Formação de Barth:
- Influenciado pelo liberalismo teológico de Albrecht Ritschl e Adolf von Harnack.
- Desiludido com o liberalismo após o apoio de teólogos alemães à política de guerra do Kaiser Wilhelm (1914) e ao regime nazista (década de 1930).
- Crítica ao Liberalismo:
- O liberalismo, ao basear-se na teologia natural, tornou-se acrítico em relação aos eventos históricos, como a guerra e o nazismo.
- Barth viu nisso uma falha grave: a confusão entre a vontade de Deus e os desdobramentos humanos.
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2. A Rejeição de Barth à Revelação Geral e à Teologia Natural
- Revelação como Redenção:
- Para Barth, a revelação é intrinsecamente redentora; conhecer Deus é estar em um relacionamento salvífico com Ele.
- Romanos 1.18-32: Barth nega que esse texto apoie a ideia de um conhecimento natural de Deus. Ele argumenta que o conhecimento mencionado por Paulo já pressupõe a revelação especial.
- Cristocentrismo Radical:
- A revelação ocorre exclusivamente em Jesus Cristo.
- Qualquer conhecimento de Deus fora de Cristo comprometeria a doutrina da graça e a unidade de Deus.
- Interpretação de Salmo 19 e Romanos 1:
- Salmo 19: Barth interpreta o testemunho da criação como subordinado à revelação especial (a Lei do Senhor).
- Romanos 1: O conhecimento de Deus pelos gentios já pressupõe a revelação especial, não sendo independente dela.
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3. Desenvolvimentos Posteriores
- "Luzes" na Criação:
- Em obras posteriores, Barth admite que a criação reflete a glória de Deus, mas evita chamar isso de "revelação".
- Essas "luzes" são secundárias e dependentes do Verbo (Cristo).
- Impacto Prático:
- A ideia de "luzes" na criação não alterou significativamente a teologia de Barth, que permaneceu centrada em Cristo.
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4. Pressupostos de Barth
1. Revelação Exclusiva em Cristo:
- Só há revelação verdadeira em Jesus Cristo; a criação não revela Deus de forma independente.
2. Resposta Positiva à Revelação:
- A verdadeira revelação sempre gera uma resposta de fé, não sendo ignorada ou rejeitada.
3. Conhecimento Redentor:
- Conhecer Deus é experimentar Sua graça e salvação; não há conhecimento neutro ou natural de Deus.
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Conclusão
Karl Barth rejeitou a revelação geral e a teologia natural por considerá-las inadequadas e perigosas, especialmente após sua experiência com o liberalismo teológico e os eventos históricos do século XX. Para Barth, a revelação é cristocêntrica e redentora, ocorrendo exclusivamente em Jesus Cristo. Sua teologia enfatiza a graça divina e a impossibilidade de conhecer Deus verdadeiramente fora da revelação especial.
Palavras-chave: Karl Barth, revelação geral, teologia natural, cristocentrismo, graça, liberalismo teológico. -
A revelação geral de Deus na NaturezaM. E.
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Os loci da revelação geral são tradicionalmente três: natureza, história e constituição do ser humano:
Sl 19.1; Rm 1.20
Sl 104.2,5,7,14,24,31: Efeitos que as obras tem sobre o observador.
Tem um testemunho objetivamente presente na criação, mas não revela se pode levar a Deus.
Salmos19.1
Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Romanos 1:20
(1:20) Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis.
Salmos 104:2; 5; 7; 14; 24; 31
(104:2) coberto de luz como de um manto. Tu estendes o céu como uma cortina,
(104:5) Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não se abale em tempo nenhum.
(104:7) Com a tua repreensão, as águas fugiram, com a voz do teu trovão, bateram em retirada.
(104:14) Fazes crescer a relva para os animais e as plantas que o ser humano cultiva, para que da terra tire o seu alimento:
(104:24) Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Fizeste todas elas com sabedoria; a terra está cheia das tuas riquezas.
(104:31) Que a glória do SENHOR dure para sempre! Exulte o SENHOR por suas obras! -
Avaliação das Visões sobre a Revelação Geral e a Teologia NaturalM. E.
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Resumo: Avaliação das Visões sobre a Revelação Geral e a Teologia Natural
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1. Críticas à Teologia Natural
- Pressupostos Questionáveis:
- Argumentos como os de Tomás de Aquino baseiam-se em premissas que não são universalmente aceitas hoje (ex.: impossibilidade de regressão infinita de causas).
- A ideia de que o movimento precisa de uma causa é contestada por filósofos do processo e físicos modernos, que veem o universo como dinâmico e autossustentado.
- Problema da Causação Proporcional:
- Postular uma causa infinita (Deus) para um efeito finito (universo) não é logicamente necessário.
- Uma causa finita poderia ser suficiente, o que não comprova a onipotência de Deus.
- Argumento Teleológico e Evolução:
- A teoria da evolução oferece uma explicação alternativa para a ordem no universo, sem a necessidade de um projetista divino.
- Problema da Disteleologia:
- A existência de males naturais e imperfeições no universo desafia a ideia de um criador sábio e bondoso.
- Limitação ao Teísmo Genérico:
- Mesmo que os argumentos provem a existência de um ser divino, não comprovam que esse ser seja o Deus cristão com atributos específicos (ex.: Trindade, onipotência).
- Esforços Contemporâneos:
- Teologia do Processo e Design Inteligente tentam revitalizar a teologia natural, mas enfrentam críticas semelhantes.
- Filósofos cristãos e físicos contribuem para o debate, mas suas abordagens também têm limitações.
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2. Críticas à Rejeição da Revelação Geral (Karl Barth)
- Interpretação Textual:
- Barth reinterpreta passagens como Salmo 19 e Romanos 1 de forma questionável, negando a revelação geral.
- Sua leitura de que "não há discurso" no Salmo 19 parece forçada e ignora o testemunho claro da criação.
- Iniciativa Divina:
- A revelação geral, se existir, é uma iniciativa de Deus, não uma conquista humana. Negá-la pode desconsiderar a ação divina na criação.
- Harmonia com a Revelação Especial:
- A revelação especial (Bíblia) testemunha a existência da revelação geral (criação). Negar a segunda pode enfraquecer a primeira.
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3. Conclusão
- Teologia Natural:
- Oferece argumentos convincentes, mas enfrenta críticas significativas, especialmente em relação a pressupostos ultrapassados e à incapacidade de provar o Deus cristão.
- Rejeição de Barth:
- Protege a centralidade de Cristo, mas pode negligenciar o testemunho da criação e distorcer textos bíblicos.
Ambas as abordagens têm méritos e falhas, e o debate continua relevante para a teologia contemporânea.
Palavras-chave: Teologia natural, Karl Barth, revelação geral, argumento teleológico, disteleologia, design inteligente. -
Bruce Demarest: Revelação Geral de DeusM. E.
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Bruce Demarest forneceu um resumo adequado e acurado do que as passagens bíblicas sobre a revelação geral nos dizem a respeito de Deus:
Deus existe (SI 19.1; Rm 1.19);
Deus não é criado (At 17.24);
Deus é Criador (At 14.15);
Deus é sustentador (At 14.16; 17.25);
Deus é o Senhor universal (At 17.24);
Deus é autossuficiente (At 17.25);
Deus é transcendente (At 17.24);
Deus é imanente (At 17.26,27);
Deus é eterno (Sl 93.2);
Deus é grande (Sl 8.3,4);
Deus é majestoso (Sl 29.4);
Deus é poderoso (Sl 29.4; Rm 1.20);
Deus é sábio (Sl 104.24);
Deus é bom (At 14.17);
Deus é justo (Rm 1.32);
Deus tem uma vontade soberana (At 17.26);
Deus tem padrões de certo e errado (Rm 2.15);
Deus deve ser adorado (At 14.15; 17.23);
o homem deve praticar o bem (Rm 2.15);
Deus julgará o mal (Rm 2.15,16). -
Equilíbrio entre Revelação Geral e EspecialM. E.
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Resumo: A Revelação Geral sem Teologia Natural (Perspectiva de Calvino)
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1. Posição de Calvino: Equilíbrio entre Revelação Geral e Especial
- Revelação Geral Objetiva:
- Deus se revela na natureza, história e ser humano (Sl 19:1-2; Rm 1:19-20).
- Essa revelação é válida e universal, independente da percepção ou crença humana.
- Efeito da Queda:
- Distorção da Criação: A natureza, sob maldição (Gn 3:16-19; Rm 8:20-23), testemunha de forma imperfeita.
- Cegueira Humana: O pecado e Satanás obscurecem a compreensão (Rm 1:21-23; 2Co 4:4).
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2. Limitações da Revelação Geral
- Incapacidade de Levar ao Conhecimento Salvífico:
- A revelação geral não é suficiente para que o incrédulo conheça Deus plenamente (Rm 3:10-12; 10:14).
- Paulo em Atos 17:32-34 mostra respostas variadas à pregação: alguns creem, outros rejeitam, outros hesitam.
- Papel da Revelação Especial:
- A Bíblia e o evangelho são necessários para interpretar corretamente a revelação geral.
- Calvino usa a metáfora dos "óculos da fé": a regeneração espiritual permite enxergar Deus na criação.
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3. Críticas às Visões de Aquino e Barth
- Contra a Teologia Natural (Aquino):
- Argumentos racionais (cosmológico, teleológico) são insuficientes para provar o Deus cristão.
- A teologia natural ignora a corrupção humana pós-Queda e a necessidade da graça.
- Contra a Rejeição de Barth:
- Barth nega a revelação geral, interpretando textos como Sl 19 e Rm 1 de forma forçada.
- Calvino mantém que a revelação geral é objetiva, mas sua percepção exige fé.
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4. Conclusão Calvinista
- Revelação Geral como Base, mas Insuficiente:
- A criação testemunha Deus, mas sua mensagem está distorcida pelo pecado.
- A revelação especial (Escrituras e Cristo) é essencial para corrigir a visão espiritual e conduzir à salvação.
- Harmonia entre as Revelações:
- A fé não projeta Deus na criação, mas reconhece o que já está presente, iluminado pelo evangelho.
Palavras-chave: Revelação geral, João Calvino, Queda, óculos da fé, teologia natural, regeneração. -
Revelação Geral de DeusM. E.
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Como Deus é infinito e os seres humanos são finitos, se estes quiserem conhecer a Deus, tal conhecimento deverá ocorrer pela iniciativa do próprio Deus em se revelar. Há duas classificações básicas de revelação. A revelação geral é a comunicação que Deus faz de si mesmo a todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares. Arevelação especial envolve a comunicação e as manifestações particulares de Deus a respeito de si para certas pessoas, em determinadas épocas, as quais se encontram à disposição hoje somente mediante a consulta a determinados escritos sagrados.
Resumo: A Natureza da Revelação
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1. Conceito de Revelação
- Definição:
- A revelação é a automanifestação de Deus aos seres humanos, permitindo que estes O conheçam.
- Necessária porque Deus é infinito e os humanos são finitos.
- Classificações:
1. Revelação Geral:
- Comunicação universal de Deus a todas as pessoas, em todos os tempos e lugares.
- Manifesta-se por meio da natureza, da história e do ser interior humano.
- Características:
- Universalidade (acessível a todos).
- Conteúdo menos específico que a revelação especial.
2. Revelação Especial:
- Comunicação particular de Deus a indivíduos ou grupos em momentos específicos.
- Registrada em escritos sagrados (ex.: Bíblia).
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2. Questões sobre a Revelação Geral
- Autenticidade:
- A revelação geral realmente existe?
- O que ela revela sobre Deus?
- Teologia Natural:
- É possível conhecer Deus apenas pela observação da natureza?
- Salvação:
- Alguém pode ser salvo apenas pela revelação geral, sem contato com a revelação especial?
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3. Relevância da Revelação Geral no Século XXI
- Pluralismo Religioso:
- Em um mundo com múltiplas religiões, a revelação geral pode ser um ponto comum para o diálogo inter-religioso.
- Separação entre Estado e Religião:
- Em países laicos (ex.: EUA, Brasil), políticas públicas não podem ser baseadas em dogmas de uma única religião. A revelação geral oferece uma base mais universal.
- Crescimento do Cristianismo em Culturas Não Ocidentais:
- Em culturas que valorizam a natureza, a revelação geral ganha destaque como meio de compreensão de Deus.
- Crise Ecológica:
- A degradação ambiental prejudica o testemunho da natureza sobre o Criador, destacando a importância da teologia da criação.
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4. Perspectivas Inclusivistas sobre a Salvação
- Eficácia da Revelação Geral:
- Alguns teólogos defendem que a revelação geral pode ser suficiente para um relacionamento salvífico com Deus, mesmo sem acesso à revelação especial.
- Debate Teológico:
- Essa visão desafia a ideia de que a salvação depende exclusivamente da revelação especial (ex.: fé em Cristo).
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Conclusão
A revelação geral é um conceito central para entender como Deus se comunica com a humanidade de forma universal. No século XXI, sua relevância aumenta devido ao pluralismo religioso, à laicidade do Estado, ao crescimento do cristianismo em culturas não ocidentais e à crise ecológica. Além disso, o debate sobre sua eficácia para a salvação reflete uma tendência inclusivista na teologia contemporânea.
Palavras-chave: Revelação geral, revelação especial, teologia natural, pluralismo religioso, ecologia, salvação. -
Revelação Geral de Deus na HistóriaM. E.
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O segundo locus da revelação geral é a história. As Escrituras indicam, em várias passagens, que Deus está dirigindo o curso da história, controlando o destino das nações (Jó 12.23; Sl 47.7,8; 66.7; Is 10.5-13; Dn 2.21; At 17.26).
At 14.15-17: Provisão de Deus, não Paulo e Barnabé que deveria ser adorado.
At 17.22-31
1. Controlando o destino das nações
- Jó 12:23
(12:23) Deus engrandece as nações e depois as destrói; dispersa-as e de novo as congrega.
- Salmos
47:7) Deus é o Rei de toda a terra; cantem louvores com harmonioso cântico.
(47:8) Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo trono.
(66:7) Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações. Não se exaltem os rebeldes!
- Isaías 10:5-13
(10:5-13)
5 “Ai da Assíria, cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor.
6 Eu a envio contra uma nação ímpia, e contra o povo da minha indignação lhe dou ordens, para que dele roube a presa e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas.
7 Ela, porém, assim não pensa, o seu coração não entende assim; pelo contrário, em seu coração só pensa em destruir e exterminar não poucas nações.
8 Porque diz: ‘Não são meus comandantes todos eles reis?
9 Não é Calno como Carquemis? Não é Hamate como Arpade? E Samaria, como Damasco?
10 O meu poder atingiu os reinos dos ídolos, ainda que as suas imagens de escultura eram melhores do que as de Jerusalém e do que as de Samaria.
11 Será que não posso fazer com Jerusalém e os seus ídolos o mesmo que fiz com Samaria e os seus ídolos?’”
12 Por isso, quando o Senhor tiver acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigará a arrogância do coração do rei da Assíria e o excessivo orgulho dos seus olhos.
13 Porque o rei disse: “Eu fiz isso com o poder da minha mão e com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Removi os limites dos povos, roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se assentavam em tronos.
- Daniel
2:21) É ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
- At17:26
(17:26) De um só homem fez todas as nações para habitarem sobre a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação;
2. At 14.15-17: Provisão de Deus
(14:15-17) 15— Senhores, por que estão fazendo isto? Nós também somos seres humanos como vocês, sujeitos aos mesmos sentimentos, e anunciamos o evangelho a vocês para que se convertam destas coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há. 16Nas gerações passadas, Deus permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos. 17Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando a vocês chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo o coração de vocês de fartura e de alegria.
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Nota: As passagens em negrito destacam a revelação geral de Deus por meio de Seu governo soberano sobre as nações e a história, demonstrando Seu controle absoluto sobre os eventos humanos e Seu juízo sobre a arrogância. -
Revelação Geral de Deus na HumanidadeM. E.
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Não só na estrutura física, mas na graça comum Paulo fala de uma lei escrita no coração das pessoas que não têm a revelação específica da Lei (Rm 2.11-16).
Romanos 2:11-16
(2:11-16)
11 Porque Deus não trata as pessoas com parcialidade.
12 Assim, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que pecaram sob a lei serão julgados pela lei.
13 Porque justos diante de Deus não são aqueles que somente ouvem a lei, mas os que praticam a lei é que serão justificados.
14 Quando, pois, os gentios, que não têm a lei, fazem, por natureza, o que a lei ordena, eles se tornam lei para si mesmos, embora não tenham a lei.
15 Estes mostram a obra da lei gravada no seu coração, o que é confirmado pela consciência deles e pelos seus pensamentos conflitantes, que às vezes os acusam e às vezes os defendem,
16 no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos das pessoas, de acordo com o meu evangelho.
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Análise da Revelação Geral em Romanos 2:11-16
1. Imparcialidade de Deus (v. 11):
- Deus não faz distinção entre judeus (que têm a Lei) e gentios (que não a têm). Sua justiça é universal, refletindo a revelação geral de Seu caráter moral a todos os povos.
2. Responsabilidade Universal (v. 12):
- Todos são julgados conforme a revelação recebida:
- Gentios (sem a Lei): Julgados pela lei natural (consciência e criação).
- Judeus (com a Lei): Julgados pela Lei mosaica.
3. Lei Gravada no Coração (v. 14-15):
- Revelação Geral pela Consciência:
- Mesmo sem a Lei escrita, os gentios têm "a obra da lei gravada no coração" — uma referência direta à lei moral inerente, implantada por Deus na humanidade (cf. Romanos 1:19-20).
- A consciência humana (senso de certo e errado) testemunha essa lei interior, evidenciando que Deus se revelou a todos (Atos 14:17).
4. Julgamento Final (v. 16):
- No dia do juízo, Deus avaliará até os segredos do coração, mostrando que sua revelação é suficiente para deixar todos indesculpáveis (Romanos 1:20).
- A revelação geral (lei no coração) aponta para a necessidade da revelação especial (Cristo e o evangelho) para salvação.
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Conclusão
Romanos 2:11-16 destaca a revelação geral de Deus por meio:
- Lei Natural: Moralidade inerente e consciência universal.
- Justiça Imparcial: Deus julga todos com base na luz que receberam.
- Preparação para o Evangelho: A consciência humana, embora insuficiente para salvar, aponta para a necessidade de Cristo, a revelação especial que cumpre a Lei e oferece justificação (Romanos 3:21-26). -
Revelação Geral e Responsabilidade Humana em Romanos 1-2M. E.
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Revelação Geral e Responsabilidade Humana em Romanos 1-2
1. A Revelação Geral e a Culpa Humana
- Romanos 1-2:
- Paulo afirma que todos os seres humanos, mesmo sem a Lei ou o evangelho, têm acesso ao conhecimento de Deus por meio da revelação geral (natureza e consciência moral).
- Essa revelação torna os humanos "indesculpáveis" (Rm 1:20), pois suprimem a verdade divina e falham em viver conforme Seus padrões morais.
- Função da Consciência (Rm 2:14-15):
- Os gentios, mesmo sem a Lei mosaica, possuem uma "lei interior" que os condena ou aprova.
- Essa consciência moral não justifica ninguém, mas revela a universalidade do pecado (Rm 3:9-20).
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2. A Possibilidade de Salvação sem Revelação Especial?
- Analogia com os Crentes do Antigo Testamento:
- Os fiéis do AT foram salvos pela fé, mesmo sem conhecimento pleno de Cristo (Gl 3:6-9).
- Alguns teólogos argumentam que Deus pode aceitar aqueles que, respondendo à revelação geral, buscam Sua misericórdia, mesmo sem conhecer explicitamente Jesus.
- Base em Atos 17:23:
- Paulo reconhece que os atenienses adoravam um "Deus desconhecido", sugerindo que o Deus da criação é o mesmo revelado em Cristo.
- Limitações:
- A salvação sempre se baseia na obra de Cristo, mesmo que o indivíduo não a conheça.
- Porém, as Escrituras não confirmam explicitamente que alguém seja salvo apenas pela revelação geral.
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3. Objeções e Debates Teológicos
- Risco de Substituir a Revelação Especial:
- Críticos temem que valorizar a revelação geral diminua a urgência missionária ou a centralidade de Cristo.
- Resposta: A revelação especial (evangelho) é essencial para esclarecer e cumprir o que a geral apenas insinua.
- Problema do Mal e Responsabilidade:
- Como Deus pode condenar quem não teve acesso ao evangelho?
- Paulo enfatiza que a rejeição da revelação geral já torna os humanos culpados (Rm 1:18-32).
- Salvação de Crianças e "Epistemologia do Tempo":
- Questões sobre a salvação de quem morre sem ouvir o evangelho (ex.: crianças) desafiam visões restritivas.
- A física moderna (tempo relativo) complica a ideia de que a era pós-Cristo exclui a misericórdia divina.
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4. Conclusão: Humildade e Missão
- Agnosticismo Humilde:
- Teólogos como John Stott e Harold Netlund defendem que, embora a Bíblia não exclua a possibilidade de salvação pela revelação geral, especular sobre isso é ir além do revelado.
- A ênfase deve permanecer na pregação do evangelho, pois é o meio ordenado por Deus para a salvação (Rm 10:14-17).
- Tensão Teológica:
- Reconhece-se a graça soberana de Deus em julgar com justiça, enquanto se mantém o chamado missionário como prioridade prática.
Palavras-chave: Revelação geral, responsabilidade humana, Romanos 1-2, salvação, agnosticismo humilde, missão. -
Teologia Natural Tomas de AquinoM. E.
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1. Teologia Natural
Definição:
A teologia natural sustenta que é possível conhecer Deus por meio da razão e da observação da natureza, história e personalidade humana, sem depender da revelação especial (Bíblia).
Premissas:
Revelação Geral Objetiva:
Deus se revela na criação, e essa revelação é válida e racional, independente da percepção humana.
Integridade do Observador:
A razão humana, mesmo após a Queda, é capaz de interpretar corretamente a criação.
Harmonia entre Mente e Criação:
A mente humana é coerente com a ordem criada, permitindo conclusões lógicas sobre Deus.
Exemplo Histórico:
Tomás de Aquino:
Distinguiu entre verdades da razão (domínio inferior) e verdades da fé (domínio superior).
Argumentos para provar a existência de Deus:
Cosmológico: Tudo tem uma causa; deve haver uma causa não causada (Deus).
Teleológico: A ordem e o propósito no universo indicam um ser inteligente (Deus).
Antropológico: A moralidade humana exige a existência de Deus como base ética.
Ontológico (Anselmo): Deus, como o maior ser concebível, deve existir por definição.
2. Críticas e Limitações
Argumento Ontológico:
Kant criticou a ideia de que a existência é um atributo, afirmando que a existência não pode ser deduzida apenas da definição de um ser.
Dependência da Razão:
A teologia natural pressupõe que a razão humana, mesmo após a Queda, é capaz de compreender Deus sem auxílio da revelação especial.
3. Reavivamento Contemporâneo
Filósofos Cristãos Modernos:
Há um renovado interesse em argumentos teístas, especialmente entre filósofos evangélicos, que combinam a teologia natural com a crença na revelação especial.
Conclusão
A teologia natural busca fundamentar o conhecimento de Deus na razão e na observação da criação, oferecendo argumentos como os cosmológico, teleológico e ontológico. Embora criticada por sua dependência excessiva da razão e por pressupor a integridade da mente humana após a Queda, ela continua influente, especialmente em diálogos inter-religiosos e na filosofia contemporânea.
Palavras-chave: Teologia natural, Tomás de Aquino, argumento cosmológico, argumento teleológico, argumento ontológico, razão e fé.