A mensagem do Sermão do Monte
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2 verses Frasess Nov. 27, 2024 Português 1
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John StottContracultura
omo ficam a vida e a comunidade humana quando se colocam sob o governo da graça de Deus?
Diferentes.
Não deveriam tomar como padrão de conduta as pessoas que os cercavam, mas sim Deus, e assim provar serem filhos genuínos do seu Pai celestial. Para mim, o texto-chave do Sermão do Monte é Mt 6:8: "Não vos asse¬melheis, pois, a eles." Imediatamente nos faz lembrar a palavra de Deus a Israel, na antigüidade: "Não fareis como eles." Lv 18.3
Não há um parágrafo no Sermão que não trace esse constrate entre o padrão cristão e o não cristão:
Assim, os pagãos amam-se e saúdam-se uns aos outros, mas os cristãos têm de amar os seus inimigos (5:44-47); os pagãos oram segundo um modelo, com "vãs repetições", mas os cristãos devem orar com a humilde reflexão de filhos do seu Pai no céu (6:7-13); os pagãos estão preocupados com as suas próprias necessidades materiais, mas os cristãos devem buscar primeiro o reino e a justiça de Deus (6:23, 33). -
O sermão do Monte e o Sermão da planiceContracultura
Comparação e teorias
O Sermão do Monte aparece só no primeiro Evangelho (Mateus). No terceiro Evangelho (Lucas) há um sermão semelhante, às vezes chamado de "o Sermão da Planície". Lucas diz que foi pregado "numa planura" à qual Jesus "desceu" depois de retirar-se "para o monte" a fim de orar. Mas a aparente dife¬rença de localização não deve nos deter, pois a "planura" pode muito bem ter sido um platô sobre os montes e não uma planície ou um vale.
Uma comparação do conteúdo dos dois sermões revela imedia¬tamente que não são idênticos. O de Lucas é consideravelmente mais curto, consistindo de apenas 30 versículos, em contraste com os 107 de Mateus, e cada um inclui matérias que estão ausentes no outro. Não obstante, há também óbvias semelhanças entre eles. Os dois sermões começam com "bem-aventuranças", terminam com a parábola dos dois construtores, e no meio con¬têm a regra áurea, a ordem para amar os nossos inimigos e ofe¬recer a outra face, a proibição de julgar as pessoas, e as vivas ilustrações da trave no olho e da árvore com os seus frutos. Esta matéria comum aos dois sermões, com um começo e um final em comum, sugere que os dois são versões do mesmo sermão. Qual é, entretanto, a relação entre eles? Como explicar a combinação de semelhanças e variações?
O texto aborda diferentes interpretações sobre a origem e natureza do Sermão do Monte (Mateus 5–7), debatendo se ele foi pregado por Jesus em uma única ocasião ou se é uma compilação editorial.
Alguns estudiosos argumentam que o texto reflete uma reunião de ensinamentos feita pelo evangelista Mateus ou pela igreja primitiva, ao invés de ser um sermão literal. Calvino, por exemplo, considerava o Sermão como um resumo dos ensinamentos de Cristo sobre a vida piedosa. Outros, como W. D. Davies, são mais céticos, vendo-o como uma "colcha de retalhos" de pronunciamentos desconexos e questionando sua unidade temática e autenticidade.
Por outro lado, o autor do texto rejeita essas visões e argumenta que Mateus e Lucas apresentam o Sermão como uma mensagem específica de Jesus, com contexto histórico e geográfico. Ele reconhece diferenças entre os evangelistas, como idioma (aramaico para grego) e possíveis adaptações, mas defende que ambos transmitem os ensinamentos de Cristo de forma genuína.
O texto sugere ainda que o Sermão pode representar uma série de instruções dadas por Jesus em um período maior, como proposto por A. B. Bruce, que o descreve como "Ensinos do Monte", oriundos de um retiro prolongado com os discípulos. Assim, as versões registradas seriam condensações guiadas pelo Espírito Santo.